segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Criminosos que invadiram a Rocinha são de outras três favelas cariocas, diz delegado

Fardas também foram apreendidas durante a operação  (Foto: Alessandro Ferreira/G1) Um dia após o confronto entre traficantes que levou pânico à Rocinha, comunidade em São Conrado, na Zona Sul do Rio, o delegado titular da 11ª DP (Rocinha), Antônio Ricardo, afirmou nesta segunda-feira (18) que há indícios de que líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC) apoiaram a tentativa de retomada da favela pela quadrilha de António Francisco Bonfim Lopes, o Nem.
Embora não confirme que a facção criminosa paulista tenha influência na comunidade, a Polícia Civil já sabe que os criminosos que participaram da invasão à Rocinha partiram de três favelas controladas pela também facção criminosa ADA (Amigo dos Amigos): São Carlos, no Estácio; Vila Vintém, em Padre Miguel; e Macacos, em Vila Isabel
"Não sabemos ainda se o PCC atuou no confronto de domingo", disse o delegado, acrescentando que criminosos da facção paulista podem estar dentro da Rocinha.
Antônio Ricardo informou ainda que Rogério 157, indicado como um dos líderes da facção que domina a Rocinha, estaria escondido na parte alta da favela. "Moradores nos informaram também que Danúbia, mulher de Nem, continua morando na comunidade", complementou.
O delegado recebeu a imprensa nesta segunda após a polícia fluminense dar início a operação na favela. Ele informou que os confrontos já deixaram quatro mortos, dos quais dois tiveram os corpos carbonizados no domingo (17) e um foi morto nesta segunda-feira (18), em confronto com policiais militares.  Outros dois homens foram presos nesta segunda: Wilklen Nobre Barcelos, 20 anos, capturado em flagrante com uma pistola, e Edson Gomes Ferreira, de 30. Contra eles havia mandados de prisão por tráfico de drogas.
Mais dois suspeitos que participaram dos confrontos foram identificados por fotos, mas não tiveram os nomes divulgados. Segundo o delegado, eles foram apontados por dois homens que foram baleados pelos invasores, mas sobreviveram.
Fábio Ribeiro França, de 20 anos, o outro preso, foi encontrado em casa, na localidade Dionéia, com duas granadas e fardas camufladas, por policiais do Batalhão de Ações com Cães (BAC) da PM.

UPP sabia de invasão

A unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha já tinha a informação de que criminosos planejavam invadir a comunidade a qualquer momento, como revelou o Jornal Hoje desta segunda-feira (18).
O grupo se reunia num morro no Centro do Rio e esperava, a qualquer momento, entrar na comunidade de madrugada — como, de fato, fez no domingo de manhã (17).
Não houve nenhuma ação para evitar a invasão e os confrontos que aterrorizaram os moradores. Pelo menos 70 bandidos vieram de fora e se juntaram a outros na Rocinha.
O objetivo era retomar o território que tinha sido ocupado pelo traficante que sucedeu Antônio Bonfim Lopes, o Nem, que cumpre pena no presídio federal de Campo Grande. A UPP da Rocinha trabalha com 700 homens.
Os traficantes não se intimidaram com a presença da PM. Em uma das principais ruas de acesso, eles roubaram dois carros e passaram por viaturas da Polícia.
Os PMs não reagiram: se abrigaram e se esconderam. Um vídeo feito por militares numa pizzaria mostra os policiais recomendando aos outros que se escondessem.

Porta-voz da PM culpa Justiça

O porta-voz da Polícia Militar, major Ivan Blaz, também fez comentários sobre a operação. Ele disse que a corporação atuou corretamente para minimizar danos a moradores. Disse ainda que 'decisões isoladas' da Justiça colocam bandidos perigosos em liberdade. Para o oficial, a Unidade de Polícia Pacificadora da comunidade atuou de maneira defensiva, visando estabilizar o terreno e minimizar danos colaterais.
Blaz afirmou também que a PM lida com a possibilidade de invasões às 1.200 áreas carentes da Região Metropolitana e que responsabilizar apenas a corporação é "muito pesado".
"Lidamos diariamente com um cotidiano de escassez e ainda assim conseguimos atuar no sentido de impedir que criminosos ajam livremente. Neste momento, por exemplo, trabalhamos aqui [na Rocinha] e em outras quatro áreas da cidade sob ameaça de confrontos", explicou Blaz.
O porta-voz da PM disse ainda que 300 PMs estão vasculhando a Rocinha nesta segunda-feira e sustentou que a atual guerra é fruto de "decisões isoladas" de juízes, que soltam criminosos sabidamente perigosos sem analisar o histórico deles.
"O juiz não pode decidir apenas com a letra fria da lei. É preciso considerar as investigações policiais sobre aquele elemento. Os criminosos que participaram do confronto aqui já haviam sido presos, mas foram soltos pela Justiça. E o resultado é esse que estamos vendo", sustentou.

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