quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Temer diz que governo não é golpista e que não aceitará divisão na base


Filipe Matoso e Alexandro MartelloDo G1, em Brasília
O presidente da República, Michel Temer, contestou nesta quarta-feira (31), na primeira reunião ministerial de seu governo após a aprovação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, a tese da oposição de que o afastamento da petista foi um golpe. Ele também afirmou que não aceitará divisão em sua base de apoio no Congresso Nacional.
Elevando o tom da voz, Temer pediu aos ministros de seu governo reação às acusações de que sua gestão é "golpista".
"Golpista é você, que está contra a Constituição", enfatizou, referindo-se aos opositores que o acusam de ter dado um golpe.
"Não vamos levar desaforo para casa. [...] Não podemos deixar uma palavra sem resposta", complementou.
Em meio à fala, o presidente disse que, durante o período em que estava comandando o país como interino, não respondeu às acusações dos adversários, mantendo, segundo ele, uma "discrição absoluta". Agora, ressaltou Temer, não levará ofensa para casa.
"As coisas se definiram, e é preciso muita firmeza", afirmou aos integrantes do primeiro escalão.
Ele ainda disse que "no plano internacional tentaram muito e conseguiram dizer que no Brasil houve golpe", e disse que não se pode tolerar essa informação. "Isso aqui não é brincadeira."
A reunião ministerial começou por volta das 17h30, aproximadamente 40 minutos depois de ele ser empossado no comando do Palácio do Planalto em uma solenidade rápida no plenário do Senado. Três horas antes, no mesmo recinto, os senadores haviam decididoafastar definitivamente Dilma da Presidência da República.
Viagem à China
Na noite desta quarta, Temer viaja para a China, onde participará do encontro do G20, que reúne países com as maiores economias do mundo.
Segundo ele, a viagem será o primeiro momento para anunciar "novidade brasileira" aos outros países e começar a trazer investimento estrangeiro para o Brasil. Ele afirmou que terá uma reunião bilateral com o presidente da China no dia 2 de setembro e já foi convidado para reuniões com outros chefes de Estado durante o tempo em que ficará no país.
Temer pediu que os ministros divulguem que ele irá para a Ásia "para revelar aos olhos do mundo que temos estabilidade política e segurança jurídica."
União política
Em seu discurso aos ministros, o presidente empossado uma hora antes pediu trabalho com afinco de sua equipe, a desburocratização de medidas e a divulgação das medidas tomadas pelo governo.
Ele orientou os ministros a participarem das reuniões de bancadas com seus partidos para falar sobre a importância das medidas. "Não é um partido que está no poder e que despreza os demais. Ao contrário."
Com isso, ele busca sensibilizar os parlamentares para aprovar projetos considerados prioritários para o governo, como a PEC do teto dos gastos públicos - que ele espera aprovar ainda este ano - e a reforma da Previdência.
Temer ainda afirmou que gerar empregos deve ser o primeiro tema a ser levado em conta por seu governo. "Nós temos essa margem enorme de desempregados, os quase 12 milhões é uma cifra assustadora."

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