quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Suspeito de matar a família dormia e comia mal há 2 meses, diz polícia


Matheus RodriguesDo G1 Rio
A investigação da Divisão de Homicídios da Polícia Civil descobriu que Nabor Coutinho, suspeito de ter matado sua família e depois cometido suicídio, demonstrava irritação, pouco se alimentava e também não dormia direito nos últimos dois meses. Os investigadores ouviram amigos e parentes da família que vieram de Minas Gerais, onde o casal nasceu.
Alguns parentes contaram que, tempos atrás, a mãe de Nabor teria cometido suicídio na frente do filho. Além dela, outros dois primos também já teriam se matado.
A polícia fez uma nova perícia, no prédio na Barra da Tijuca, onde a família inteira foi encontrada morta na manhã de segunda-feira (29). Durante a análise no local, um médico-legista tentou ajudar a descobrir o que levou o pai a agir de maneira tão violenta quanto indica a principal hipótese para o crime.
A suspeita da polícia é que Nabor Coutinho de Oliveira Júnior tenha matado a mulher, Lais Khouri, na cama do casal, com duas facadas no pescoço. Logo depois, ele teria jogado os dois filhos – Henrique, de 10 anos, e Arthur, de 6 – do 18º andar, do apartamento onde a família morava. Os investigadores ainda não sabem se os meninos estavam dormindo, sedados ou já mortos quando caíram. Em seguida, Nabor teria se jogado da varanda.
O delegado titular da Divisão de Homicídios, Fábio Cardoso, disse que nenhum medicamento suspeito foi encontrado.
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"Nós voltamos hoje no apartamento que estava fechado com um perito legista da DH. Nós avaliamos todos os tipos de materiais, equipamentos, medicamentos e receituários que possam evidenciar que o Nabor tivesse fazendo uso de algum tipo de medicamento que causasse algum tipo de transtorno. Mas não localizamos nenhum tipo de medicamento ou documento que evidenciasse que o Nabor estava usando para causar esse tipo de transtorno", disse.

Grafia de carta encontrada é parecida
O delegado Fábio Cardoso disse também na tarde desta terça-feira (30)  que há "evidências" de que a grafia da carta encontrada no apartamento é a mesma que a de Nabor.
"Ele exerceu durante mais de 10 anos um alto cargo em uma empresa de telefonia e teria saído há poucos meses. Teria então passado a desempenhar uma atividade que ele estaria insatisfeito com essa nova atividade. Então acreditamos que isso possa ter motivado ele ter esse tipo de reação. Mas, obviamente, essa carta encontrada na casa dele cuja a grafia é semelhante à do Nabor será encaminhada para exame grafotécnico para que um perito criminal possa confirmar se aquela carta foi ou não escrita por ele. Há evidências de que foi escrita por ele", disse.
A carta, encontrada no apartamento onde a família morava, está assinado por Nador, mas só a perícia poderá confirmar se a grafia é mesmo do administrador.
Marido deixou carta em apartamento (Foto: Reprodução)Marido deixou carta em apartamento (Foto: Reprodução)
No apartamento, a polícia encontrou algumas pistas: uma faca, a tela de proteção da varanda rasgada e uma carta. A perícia vai confirmar se ela foi escrita por Júnior.
Em Belo Horizonte, para onde o corpo de Nabor foi levado, o advogado Nelson Valenzuela, primo dele, disse ao G1 que ele era “um bom pai, bom marido, bom filho, amigo”. Segundo Nelson, a notícia da morte dos quatros chocou a família. “Ele surtou. Pra gente, não tem outra explicação”, comentou.
Em nota divulgada nesta terça, a Polícia Civil afirmou que repudia a divulgação das imagens dos corpos da família. Segundo o delegado Rivaldo Barbosa, a Polícia Civil ainda não sabe quem divulgou essas imagens, mas afirmou que isso é um comportamento inaceitável e será investigado.
Agentes da Divisão de Homicídios deixaram o condomínio na Barra por volta das 2h desta terça (30) (Foto: Matheus Rodrigues / G1)Agentes da Divisão de Homicídios deixaram o condomínio na Barra por volta das 2h desta terça (30) (Foto: Matheus Rodrigues / G1)
Vizinhos da família passaram a noite desta segunda em vigília, fazendo orações. O choque e a tristeza diante do crime bárbaro reuniu vizinhos e amigos do casal.
“Acabou tudo, acabou. Eu pedi tanto a papai do céu: Recebe essa família’, disse, emocionada, a vizinha Ana Maria Moraes. Muitos ainda não compreendiam o motivo da tragédia. “Parecia até uma família equilibrada e tudo, né. Mas é um horror, né, infelizmente”, afirmou o vizinho Roberto Diniz.
A mulher, Lais Khouri, foi encontrada morta dentro do apartamento (Foto: Reprodução / Facebook)A mulher, Lais Khouri, foi encontrada morta dentro do apartamento (Foto: Reprodução / Facebook)
Entenda o caso
Na manhã desta segunda (29), quatro pessoas da mesma família morreram no condomínio Pedra de Itaúna, na Barra. No apartamento, a polícia encontrou algumas pistas: uma faca, a tela de proteção da varanda rasgada e uma carta. A perícia vai confirmar se ela foi escrita por Nabor Coutinho de Oliveira Júnior, de 43 anos.
"Me preocupa muito deixar minha família na mão. Sempre coloquei eles à frente de tudo ante essa decisão arriscada para ganhar mais. Mas está claro para mim que está insustentável e não vou conseguir levar adiante. Não vamos ter mais renda e não vou ter como sustentar a família". "Sinto um desgosto profundo por ter falhado com tanta força, por deixar todos na mão. Mas melhor acabar com tudo isso logo e evitar o sofrimento de todos", dizia trechos da carta.
A polícia disse que os pagamentos do aluguel do apartamento e do condomínio não estavam atrasados.  Os investigares afirmaram também que, no mês passado, Nabor pediu demissão de uma empresa de telefonia, onde trabalhou por muitos anos e que já estava empregado de novo.
A companhia onde ele trabalhou informou que Nabor era um profissional respeitado e querido por toda equipe e que havia se desligado voluntariamente para um novo desafio na carreira. Já a empresa pra onde ele foi, disse que Nabor integrava a equipe há apenas seis semanas, como consultor, e que todos gostaram de conhecê-lo e trabalhar com ele.
Um antigo colega de trabalho contou que conversou com Nabor foi na última quinta-feira. ”Ele me falou que estava muito feliz com a proposta financeira excelente que ia fazer e sempre foi uma pessoa controlada e que planejada muito os gastos dele”, afirmou o amigo Denis Catauassu.
O delegado Fábio Cardoso, titular da Divisão de Homicídios da Capital, falou que as investigações não apontam problemas financeiros. “Problemas profissionais que ele estaria vivendo depois que ele trocou de emprego. Isso realmente choca até os policiais mais experientes, pelo cenário que se viu, no local desse crime”, afirmou o delegado. A polícia está ouvindo moradores, amigos e parentes do casal para tentar esclarecer o que aconteceu.
Nabor e Lais eram de Minas Gerais, mas moravam há mais de 10 anos no Rio.

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