quarta-feira, 29 de junho de 2016

Em xeque na Alerj, Beltrame será chamado para reunião com líderes


Alessandro FerreiraDo G1 Rio
A violência desenfreada no Rio de Janeiro deixou o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, em xeque na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), principalmente com a bancada do PMDB. Há quem deseje intervenção federal no estado, quem queira a substituição no cargo e quem queira sugerir mudanças nas estratégias. Antes de definir um movimento coletivo na assembleia, o secretário será chamado para um encontro com líderes, na terça-feira (5).
O secretário de Estado de Segurança, José Mariano Beltrame, informou, em nota, que "sempre esteve à disposição dos parlamentares para quaisquer esclarecimentos".
Líder do PMDB, André Lazaroni disse que a bancada não fechou questão pela saída de Beltrame, mas que a reunião da próxima terça será fundamental para a manutenção do apoio ao secretário.
"A segurança vive uma crise grave, mas não sabemos qual a solução. Queremos que ele [Beltrame] venha aqui e apresente um plano de contingência para reverter essa crise", afirmou Lazaroni.
O presidente da Alerj, Jorge Picciani (PMDB), afirmou que os deputados querem debater estratégias para a segurança com Beltrame. O secretário será convidado a uma reunião com os líderes partidários na próxima terça-feira.
"Queremos dar sugestões que temos devido ao fato de frequentar as comunidades. O secretário Beltrame é um grande quadro e tem minha total confiança", disse Picciani, negando que a bancada do PMDB defenda a saída do secretário: "Beltrame tem sido um grande combatente nessa situação de crise. Há uma insatisfação que é de todos".
Precisamos de alguém que traga novas ideias e que esteja motivado. Não questiono a integridade do secretário, mas ele obviamente está desmotivado e, aos olhos dos subordinados, já perdeu a capacidade de liderança"
Pedro Fernandes,
deputado do PMDB e
presidente da comissão de Orçamento
Presidente da comissão de Orçamento da Alerj, o deputado estadual Pedro Fernandes (PMDB) defende abertamente a substituição do secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, e afirma que uma intervenção do governo federal no setor de segurança pública seria a melhor solução para o Rio neste momento. Para ele, Beltrame está muito desgastado após o longo período à frente da pasta e não mostra mais motivação para seguir no cargo.

"Precisamos de alguém que traga novas ideias e que esteja motivado. Não questiono a integridade do secretário, mas ele obviamente está desmotivado e, aos olhos dos subordinados, já perdeu a capacidade de liderança", analisa o parlamentar, acrescentando que a atual crise na segurança não pode ser creditada apenas à crise financeira que o estado atravessa:
Deputados discutem medidas em relação à Secretaria de Segurança do Rio na Alerj (Foto: Alessandro Ferreira/G1)Deputados discutem medidas em relação à Secretaria de Segurança do Rio na Alerj (Foto: Alessandro Ferreira/G1)
"De 2008 a 2015 o orçamento da Secretaria de Segurança aumentou 165%. Em 2015 foram mais de R$ 8 bilhões para o setor, mais que saúde e educação. E no entanto os índices de criminalidade continuaram a subir, ou seja, é um problema também deve planejamento".
Para Fernandes, a maioria dos deputados estaduais tem opinião semelhante, o que torna a situação de Beltrame ainda mais difícil.
O parlamentar é favorável a que o governo federal intervenha na segurança do estado. "E não falo apenas do período de olimpíada, e sim por tempo indeterminado, até que a situação melhore", defendeu.

O deputado explicou que a ideia da bancada do PMDB é encaminhar as sugestões de substituição de Beltrame e de intervenção federal ao governador Francisco Dornelles, já que o Legislativo não tem poder para tomar as medidas. "Não é uma questão da bancada do PMDB, a maioria da Casa tem a mesma posição", afirmou.
Até um ano atrás ele era praticamente um deus, agora não serve mais para nada? Por que não o criticavam antes? (...) Está cheio de especialistas aqui. Entendem de segurança, saúde, educação. Se querem governar, candidatem-se a governador"
Cidinha Campos,
deputada do PDT
Colega de bancada de Fernandes, Coronel Jairo afirma que Beltrame não tem "a visão mais moderna" sobre segurança pública. "O projeto das UPPs é ótimo, mas a meu ver foi mal implementado", opina ele, que não vê necessidade de intervenção federal: "Ainda não, mas se a situação continuar a piorar talvez tenhamos que chegar a esse ponto".
Questionado sobre a saída de Beltrame, Zaqueu Teixeira foi taxativo: "Já passou da hora".
Deputada questiona
Cidinha Campos (PDT) disse no plenário que solução para a crise na segurança não é "linchar" Beltrame, que segundo ela é uma pessoa honrada e tem  grandes serviços prestados ao Rio.
"Até um ano atrás ele era praticamente um deus, agora não serve mais para nada? Por que não o criticavam antes?", disparou ela, que continuou. "Está cheio de especialistas aqui. Entendem de segurança, saúde, educação. Se querem governar, candidatem-se a governador".
Reunião com Dornelles
Como informou o apresentador Edimilson Ávila no RJTV 1ª edição, o governador em exercício, Francisco Dornelles, se reuniu mais cedo com o secretário Beltrame. Eles decidiram como vão usar os R$ 3 bilhões o governo federal vai entregar ao Rio, para reforçar a segurança da olimpíada.
Primeiro, o dinheiro vai cobrir a segunda parcela dos salários de maio, que está atrasada, além da folha de pagamento de junho. Depois, vão ser pagos a premiação e o regime adicional de serviço, o RAS.

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