sexta-feira, 29 de abril de 2016

Cão que faz vigília por dono morto no Rio não entra mais na casa antiga


Do G1 Rio
Romerito, o cão que faz vigília no bairro do Méier, Zona Norte do Rio de Janeiro, à espera de seu dono, foi adotado pelos vizinhos após a morte de seu dono. O animal, no entanto, não consegue voltar a entrar na casa onde vivia há 1 mês. Alguns moradores acreditam que ele quer evitar lembranças.
“Todo mundo aqui ficou muito sentido por ele. Esse cachorro vai morrer de depressão. Um pouquinho de amor e ele ficou assim. Uma nova tese da vida? Tomara, porque eu fiquei muito mal. Meu marido falou: olha, ele tá feliz”, disse a vendedora Dulce Monteiro.

Na última terça-feira (27), quando a equipe do G1 foi ao local, a vigília continuava. O caso ficou famoso nas ruas do bairro e, claro, mobiliza os moradores da vila onde vive o cachorro. Informalmente, eles adotaram Romerito e cuidam do simpático vira-lata. Os vizinhos têm dividido os gastos com ração e remédios, ainda que com dificuldade. Só um comprimido contra carrapatos custou mais de R$ 200.

“Agora estamos em busca de uma doação de uma casinha. O Romerito gosta de ficar no corredor e, como não tem cobertura, estamos preocupados com a temporada de chuvas”, diz Nilza Maria, uma das cuidadoras.

Cão alertou sobre mal-estar do dono
Cachorro Romerito é adotado no Méier (Foto: Anderson Barros/EGO)Cachorro Romerito é adotado no Méier
(Foto: Anderson Barros/EGO)
Os vizinhos contam que na manhã de um dia no mês de março o cachorro começou a uivar e latir ininterruptamente. No início da noite, já incomodados com a situação e estranhando a ausência do dono do animal, que cumprimentava os demais moradores ao retornar do trabalho, os vizinhos forçaram a porta da casa e entraram.
“O Guilherme estava caído no chão, com o Romerito ao seu lado. Quando me aproximei, ele tentou avançar em mim, como se quisesse proteger o dono. Os bombeiros tiveram que usar focinheira para fazer o socorro”, relembra Beto Jesus, outro vizinho que está cuidando do cão.

O dono do cachorro foi levado para um hospital e dias depois retornou. Para a tristeza de Romerito, horas depois, precisou ser internado novamente e nunca mais voltou. “Enquanto o Guilherme esteve internado, ele não parou de uivar e latir. Inacreditavelmente, só parou no dia que recebemos a notícia da morte”, conta Nilza.
Cachorro Romerito é adotado no Méier (Foto: Anderson Barros/EGO)Cachorro Romerito é adotado no Méier (Foto: Anderson Barros/EGO)
'Ele late pra gente abrir o portão’
Como o dono era solteiro e sem filhos, os vizinhos procuraram sobrinhas dele – suas únicas parentes no Rio – para entregar Romerito, mas elas alegaram que não ter espaço no apartamento em que moram. Deram, então, o cachorro para um morador de um bairro vizinho, mas animal fugiu duas vezes, sempre voltando à vila.

“Agora vive aqui. É mansinho e vai à rua sem coleira porque foi acostumado assim pelo dono, com quem ficou por dez anos. De vez em quando vai ao bar em que o dono trabalhava, que fica aqui perto. Quando retorna e encontra o portão fechado, late para a gente abrir”, diz Nilza.

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