Flávio de Souza Aguiar está sem trabalho desde novembro.
Profissional trabalhou em obras da Linha 4 e da Zona Portuária.
A busca por um emprego ganhou contornos de drama para Flávio de Souza Aguiar, de 45 anos. Sem trabalho desde novembro de 2014, Flávio apelou para uma atitude drástica para conseguir uma ocupação. Passou a distribuir seus currículos de carro em carro, no trânsito da Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul do Rio, na esperança de conseguir uma entrevista para alguma vaga.
O currículo de Flávio mostra que ele exerceu a função de apontador — que se ocupa de tarefas como controle de recursos humanos e insumos — em obras de revitalização da Zona Portuária e da Linha 4 do Metrô, que vai ligar a Zona Sul à Barra da Tijuca, na Zona Oeste. Antes de distribuir currículos pelas ruas, Flávio, tentou arrumar uma nova ocupação pelas vias consideradas como tradicionais pelos consultores de carreira.
“Eu procurei empresas e falei com os meus amigos, mas não consegui nada. Hoje em dia, se você não tem uma indicação, fica muito difícil conseguir um retorno”, afirmou.
Morador de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Flávio é casado e tem quatro filhos. O mais velho, de 19 anos, trabalhava até pouco tempo, mas também perdeu o emprego e está vivendo com o seguro-desemprego enquanto também procura uma nova vaga.
“Fico mais aflito, porque todos dependem de mim agora”, conta o desempregado, que tem curso superior incompleto em Desenvolvimento e Análise de Sistemas.
Distribuição estratégica
Apesar de parecer aleatória, a distribuição de currículos é pensada cuidadosamente. Flávio não entrega os currículos com intervalos de tempo pré-determinados.
Apesar de parecer aleatória, a distribuição de currículos é pensada cuidadosamente. Flávio não entrega os currículos com intervalos de tempo pré-determinados.
“A primeira vez que entreguei os currículos foi em fevereiro. Aí esperei dois meses para ver se tinha alguma repercussão ou convite. Como não consegui emprego, entreguei novamente agora, em abril. Vamos ver se agora surge uma oportunidade”.
O lugar, tão longe de onde Flávio mora com a família, foi decidido com base no provável trajeto dos carros.
“Eu procurei a Lagoa Rodrigo de Freitas porque ali é um dos acessos ao Túnel Rebouças. Imagino que a maioria dos trabalhadores que passam ali naquela direção, principalmente de manhã, estão indo para o trabalho, no Centro”.
A busca de Flávio já gerou repercussão nas mídias sociais - vários motoristas que receberam o currículo dele publicaram em seus perfis. Cada currículo vinha com um apelo: "Através deste currículo, venho pedir a sua ajuda, pois estou com dificuldades de conseguir emprego, e peço a você a gentileza de entregar o meu currículo no departamento pessoal da sua empresa".
Apesar de sensibilizar usuários de redes sociais, até o momento, a procura por um novo trabalho ainda não surtiu os efeitos desejados. Apesar de algumas pessoas terem entrado em contato com Flávio, o interesse ainda não gerou nenhuma entrevista de emprego.
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