quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

PF investiga se vereadores de Itaguaí 'enfraqueceram' CPI contra prefeito


Prefeito é suspeito de desviar verba dos royalties do petróleo e do SUS.
Ex-secretário é flagrado explicando suposto esquema de propina.

Do G1 Rio
Vereadores de Itaguaí, na Região Metropolitana do Rio, são alvo de investigação da Polícia Federal, conforme mostrou o RJTV. Segundo os investigadores, os vereadores montaram uma operação para enfraquecer a Comissão Parlamentar de Inquérito que pode levar ao impeachment do prefeito Luciano Motta (PSDB), suspeito de comandar uma quadrilha que desviava verbas dos royalties do petróleo e do Sistema Único de Saúde.
Num vídeo obtido pelo RJTV, o ex-secretário de Turismo Ricardo Soares, também investigado por corrupção, diz a uma pessoa o que o prefeito teria que fazer para abafar a CPI:
“Aí fui lá, encontrei, o Luciano tava não sei aonde, falei com Amaro: Amaro, cara, a situação tem que ser assim. Ó, chama os vereadores, dá dez situações pra cada um. Tem que dar, não tem jeito, cara. É o sistema, pô! Dá dez situações pra cada um. Os caras vão fechar.”
Segundo a polícia, "dez situações" são R$ 10 mil. E o Amaro citado na conversa é Amaro Gagliardi, assessor de Assuntos Externos, também investigado pela PF. O ex-secretário, no vídeo, explica que apoiou a iniciativa.
“Todo mundo quer ganhar um dinheiro. Luciano, vamos lá. Sentou com os caras outro dia. Fechou com os quatro. Os quatro pularam do lado dele. A Miriam pulou. Dr. Marquinho Barreto pulou. Aí que começou...”.

Segundo o delegado Hilton Coelho, existe uma situação de organização criminosa.

“Temos lavagem de dinheiro, de ocultação de ativos. Temos uma situação de Lei de Responsabilidade, de vereadores em desvios de verbas. Isto para citar um exemplo de três situações de indiciamento”, disse o delegado.
A vereadora Miriam Pacheco, do Solidariedade, foi a primeira pessoa ouvida no novo inquérito aberto pela Polícia Federal. Ela foi indiciada por organização criminosa.
Segundo um dos delegados responsáveis pela investigação, a vereadora Miriam Pacheco é acusada de receber parte dos salários de dezenas de funcionários fantasmas. Com isso, ela recebia mais de R$ 100 mil por mês.
“Já havia testemunhos espontâneos de pessoas que compareceram na delegacia para dizer que não trabalhavam e que recebiam. E que a maior parte do salário deles tinha que ser entregue aos assessores da vereadora”, disse o delegado Hilton Coelho.
A Câmara Municipal de Itaguaí informou que a CPI está em andamento, mas que a Justiça tem um pedido de dez vereadores para anular a sessão que autorizou a abertura da comissão. Já a prefeitura disse que Ricardo Soares foi afastado da Secretaria de Turismo até que as investigações sejam concluídas.
O prefeito Luciano Motta, o ex-secretário Ricardo Soares, o vereador Marquinho Barreto e o assessor Amaro Gagliardi, procurados, não foram localizados para falar sobre a investigação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário