terça-feira, 27 de janeiro de 2015

No Rio, velório de vítima de bala perdida na Rocinha tem protestos


Jovem foi baleada durante troca de tiros entre traficantes e policiais da UPP.
Adriene Solan foi enterrada às 14h30; amigos protestaram contra a violência.

Cristina BoeckelDo G1 Rio
Amigos e familiares lamentavam a morte de Adriele, vítima de bala perdida na Rocinha (Foto: Cristina Boeckel/G1)Amigos e parentes lamentavam a morte de Adriene, vítima de bala perdida na Rocinha (Foto: Cristina Boeckel/G1)
O velório de Adriene Solan do Nascimento, 21 anos, morta por uma bala perdida na comunidade da Rocinha, foi marcado por demonstrações de carinho a jovem e por protestos. Um grupo de jovens ergueu cartazes contra a violência de criminosos e policiais na comunidade. Abalado, o irmão  Alexandre Solan afirmou que a irmã tentou defender o filho. "Adriene foi baleada com o filho de um ano e meio no colo. Ela levou o tiro para ele não ser atingido".
Ele acredita que a Rocinha precisa de mais atenção social pra combater a violência. "Estamos abandonados. Precisamos de saneamento, de educação básica e até uma faculdade lá dentro, de estrutura e lazer para as crianças. Precisamos de trabalho social, não só de armas. Hoje foi a minha irmã. Amanhã pode ser outra pessoa", disse.
Adriene foi sepultada às 14h30 desta terça-feira (27), no cemitério São João Batista, em Botafogo, Zona Sul do Rio. No momento do sepultamento, amigos e parentes bateram palmas em homenagem a vítima de bala perdida. Alguns fogos foram soltos, mas acabaram provocando um incêndio na mata atrás do cemitério.
Discursos antes do sepultamento afirmaram que ela foi mais uma vítima da onda de balas perdidas no Rio de Janeiro. Um pastor fez uma oração afirmando que ninguém está preparado para a morte, mas é preciso tentar superar a dor e lembrar a alegria de Adriele.
Amiga e mãe de Adriele levaram cartazes para protestar contra a violência (Foto: Cristina Boeckel/G1)Amigas de Adriele levaram cartazes para protestar contra a violência (Foto: Cristina Boeckel/G1)
Uma amiga de Adriene, que preferiu não se identificar, conta que ficou chocada com a morte da jovem. "Nós nos conhecíamos desde pequenas. Temos a mesma idade. Soube da morte dela quando eu acordei e foi aquele choque. A gente não imagina que vai perder uma amiga assim".
"Mais uma vez a favela vive uma dor irreparável. Doze pessoas vítimas de bala perdida. Amanhã posso ser eu. Uma jovem de 21 anos que é uma amiga da minha família. O governo pacificou a comunidade, mas a violência continua aí. As balas perdidas que mais uma vez foram 'achadas'", afirmou William de Oliveira, amigo da família.
A jovem de 21 anos foi atingida por uma bala perdida durante um confronto traficantes e policiais da Unidade de Polícia Pacificadora na favela da Rocinha, no domingo (25) à noite. A jovem morreu assim que chegou ao hospital.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, Adriene foi atingida no tórax e teve o fígado perfurado. A vítima chegou a entrar no centro cirúrgico, mas não resistiu ao ferimento.
De acordo com a Polícia Militar, a noite de domingo na Rocinha foi de violência, com troca de tiros entre policiais e criminosos. Moradores relataram os tiroteios nas redes sociais e denunciaram que uma pessoa havia sido atingida por disparos.
O tiroteio começou por volta das 20h, segundo a corporação. Na manhã desta segunda, imagens do Globocop mostraram a movimentação de carros da polícia nos acessos à comunidade. Cerca de seis veículos do Batalhão de Choque reforçavam a segurança na região.
Segundo a 11ª DP (Rocinha), onde o caso foi registrado, foi instaurado um inquérito policial para apurar o homicídio. Equipes da unidade realizam nesta segunda-feira (26) diligências na região para identificar a autoria do fato. Ainda segundo a polícia, os policiais militares envolvidos na ação foram ouvidos e tiveram suas armas apreendidas e encaminhadas à perícia. As investigações vão ficar a cargo da Divisão de Homicídios da Capital.

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