quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Jovem que matou PM no ES queria celular: 'Sacou a pistola e eu atirei'


Câmeras mostram suspeitos fugindo após policial ser baleado.
Os dois presos foram para o Centro de Detenção Provisória de Viana.

Do G1 ES, com informações da TV Gazeta *
“Só abordei ele para roubar o telefone. Ele sacou a pistola e eu atirei”, confessou o jovem Deyverson Charlys Nascimento dos Santos, de 22 anos, que matou o policial militar Daniel Santos Viana, 20 anos, na noite de segunda-feira (24), em um ponto de ônibus na Serra, na Grande Vitória. Câmeras de segurança mostram Deyverson e o colega Maykon Vieira dos Santos, de 20 anos, que participou da tentativa de roubo, fugindo após o crime. Os dois foram autuados pelo crime de latrocínio e encaminhados para o Centro de Detenção Provisória de Viana II.
O soldado foi baleado em uma tentativa de assalto após sair do trabalho, quando estava à paisana, em um ponto de ônibus em Carapina. O policial foi encaminhado para o Hospital Dr. Jaime Santos Neves, no município, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. A dupla suspeita da tentativa de roubo acabou fugindo sem levar os pertences do soldado: a carteira com documentos e pouco mais de R$ 16 em dinheiro, o celular e a arma do policial, uma pistola ponto 40. Dois homens chegaram a ser detidos na mesma noite, mas foram soltos por falta de provas.
O jovem estava lotado havia apenas uma semana no 6º Batalhão da PM na Serra, e exercia a função de soldado há menos de um ano. O militar havia encerrado o dia de trabalho e aguardava o coletivo para seguir para casa, em Vitória.
Jovem que matou PM no Espírito Santo queria celular:  Sacou a pistola e eu atirei (Foto: Reprodução/TV Gazeta)Jovem que matou PM queria celular: 'Sacou a
pistola e eu atirei' (Foto: Reprodução/TV Gazeta)
Prisões
primeiro suspeito foi preso na noite de terça-feira (25). De acordo com a polícia, Deyverson Charlys foi detido no terreno de uma empresa, no bairro Carapina Grande, na Serra. Antes, ele estava na casa de um vizinho, no mesmo bairro, mas percebeu a aproximação da polícia e fugiu, se escondendo no terreno. A arma do crime foi encontrada na casa da mãe dele, que também foi levada para a Delegacia Patrimonial para prestar depoimento.
segundo suspeito,  Maykon Vieira dos Santos, foi preso na manha desta quarta-feira (26), durante o cortejo de enterro do corpo do militar. Ele foi encontrado durante diligência no bairro Carapina e levado para a Delegacia Patrimonial de Vitória.
Na tarde desta quarta-feira, em coletiva de imprensa, a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) apresentou os dois suspeitos. Com frieza, Deyverson Charlys, confessou ter atirado no soldado. “Eu só abordei ele para roubar o telefone. Nisso, que eu estava abordando, ele sacou a pistola e eu atirei nele. Me arrependo com certeza”, disse o suspeito.
Câmeras
Imagens de câmeras de segurança de uma lotérica mostram o momento em que os dois suspeitos correm após o tiro, que atingiu a barriga do policial Daniel Santos Viana. Nos registros, Deyverson aparece com uma camisa azul de um time inglês, dois segundos depois, Maycon passa de camisa branca. Na casa de Deyverson, os policiais militares encontraram a roupa e um revólver calibre 38 que teria sido usado no assalto.
Apesar de admitir que pratica roubos junto com Deyverson, Maycon disse que não tem culpa na morte do soldado. “Eu fui roubar com ele, mas eu não tenho participação na morte, não. Eu só vi o Deyverson correndo e fui atrás dele, mas nem sabia que um PM tinha morrido”, alegou.
Desse jeito o trabalho policial se torna muito difícil. Todos os dias nos deparamos com indivíduos com várias passagens em função da legislação permissiva"
André Garcia, secretário de Segurança
Maycon chegou a ser detido na mesma noite do crime. Mas nada que comprovasse a participação dele foi encontrado, e o rapaz foi liberado. “O Maycon já tinha sido abordado horas antes do crime, mas não foi encontrado nada de irregular com ele. Pós crime, ele também foi abordado. Ele foi encontrado nas proximidades, numa situação de suspeita, como se estivesse fugindo de algo. Nossa equipe o conduziu a delegacia, mas naquele momento, naquela circunstância, o delegado de plantão não tinha elementos", explicou.
Nesta quarta-feira o segundo suspeito foi preso. "Maycon foi preso novamente, já com elementos suficientes. Com a confissão do autor do latrocínio, com a confissão da mãe do autor do latrocínio, elementos de prova que conduziram realmente a participação efetiva do Maycon junto com o Deyverson”, explicou o coronel Barreto, comandante do 6º Batalhão da Polícia Militar.
Legislação Permissiva
O secretário Estadual de Segurança Pública, André Garcia, reclamou das leis brasileiras. Para ele, a fragilidade da legislação dificulta o trabalho da polícia e deu como exemplo os dois suspeitos, já que cada um deles tem mais de dez passagens pela Justiça.
“Casos como esse são corriqueiros. Temos esses dois com 10 passagens cada um. Por roubo, furto, um deles por estupro, tráfico de drogas, porte ilegal de armas e estão nas ruas. São vários indivíduos que estão nessas condições, circulando pela região Metropolitana de Vitória, Salvador, Recife e São Paulo. Desse jeito o trabalho policial se torna muito difícil porque todos os dias nos deparamos com indivíduos com várias passagens em função da legislação permissiva que temos hoje”, disse Garcia.
Testemunha
Um taxista que ouviu os disparos prestou depoimento e reconheceu o suspeito. “Ouvi os disparos, aí eu me escondi, longo em seguida o rapaz veio correndo e passou onde eu estava. Aí ajudamos a socorrer o soldado e chamamos a viatura. Eu reconheci, é esse aí que está preso mesmo”, afirmou.
Daniel Santos Viana, de 20 anos, PM baleado ao sair do trabalho morre em hospital do espírito santo (Foto: Divulgação/ MP-ES)Daniel Santos, de 20 anos, foi baleado ao sair do
trabalho e morre em hospital (Foto: Divulgação/ PM)
Crime
O soldado Daniel Santos Viana havia se formado há poucos meses e morava em Vitória, mas trabalhava na Serra. No momento que foi abordado, estava aguardando um ônibus para ir para casa.
Em entrevista ao Bom Dia ES, na manhã desta terça-feira (25), o secretário de Defesa Social da Serra, Coronel Nylton Rodrigues, lamentou a morte precoce do militar. O jovem de 20 anos seguia a carreira do pai, militar que atuou  por 30 anos na polícia.
"Como dizia o filosofo Cesare Beccaria: o que inibe o crime não é o tamanho da pena, mas sim a certeza da punição. Hoje em nosso estado, em nosso país, não existe a certeza da punição e isso gera um sentimento de impunidade que vem gerando tanta desgraça nas famílias brasileiras", concluiu Rodrigues.
* Com colaboração de Rodrigo Maia, da TV Gazeta
Sargento Arnaldo, sem farda, pai de Daniel dos Santos Viana, morto em tentativa de assalto no espírito santo (Foto: Bernardo Coutinho / A Gazeta)Sargento Arnaldo, sem farda, pai de Daniel dos Santos Viana (Foto: Bernardo Coutinho / A Gazeta)

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