quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

QUEDA NO PREÇO DO AÇÚCAR PREJUDICA PRODITORES DE CAMPOS E REGIÃO


Vários são os fatores para a crise e os galpões das usinas estão lotados de sacas
 Carlos Grevi

Vários são os fatores para a crise e os galpões das usinas estão lotados de sacas

A crise financeira internacional e o mercado excedente, aliados ao excesso de produção de cana, em outros Estados e países, e a seca que vem devastando a região, são os principais responsáveis para a queda dos preços da cana-de-açúcar no município de Campos e em todo o Brasil. Nesta terça-feira (25/02) o presidente da Cooperativa Agroindustrial do Rio de Janeiro (Coagro), Frederico Paes, reuniu a imprensa local para uma coletiva e explicou os motivos que levou o preço do açúcar despencar, gerando assim, prejuízos, principalmente ao pequeno produtor rural.
Segundo Frederico, a cada ano, o produtor estoca sua mercadoria para vender em épocas propícias. O melhor período para a comercialização desse açúcar guardado é a entresafra. Momento este, que os ruralistas estão vivendo agora. Mas, de acordo com o presidente, isso não tem acontecido e os galpões das usinas estão abarrotados de sacas.
O presidente da cooperativa ainda explicou que o preço da cana é baseado no custo do açúcar e do etanol. Portanto, se ambos estão mais baratos, automaticamente irá refletir na inflação da cana, que entrará no mercado com preços mais baixos.
“O álcool está com preço razoável, mas está ruim porque era para ser mais caro. No caso do açúcar o problema é mais grave. Os produtores, eles guardam as sacas para vender agora por um preço maior. Acontece, que por causa da crise internacional, que afeta, principalmente os Estados Unidos, que ocasionou a queda da economia no país, tem uma grande influência no mercado sucroalcooleiro, já que o açúcar, juntamente com o milho, o minério de ferro, entre outros setores, são as maiores commodities negociadas nas bolsas de todo o mundo. Então, com o país [EUA] em crise, esse produtor que estocou suas sacas para vender mais caro, terá de comercializar com um valor bem mais em conta”, contou Frederico.
Ele comentou que o preço muito baixo reflete de imediato no preço interno. No ano passado o saco de 50 quilos de açúcar era vendido a R$ 60, em 2012 estava valendo R$ 50, cerca de 10% do valor perdido. “Essa defasagem de preço para o produtor é uma fortuna”, mencionou Frederico. 
De acordo com o presidente, esse preço já prejudicou a próxima safra, que começa em junho deste ano. “A seca também contribui para os prejuízos, pois nunca tivemos registro de uma estiagem tamanha, e isso é uma equação para a queda da safra. Se tivermos 15% de queda da safra eu me dou por satisfeito”, lamentou.
EXCEDENTE ECONÔMICOO Brasil é o maior produtor de açúcar e segundo maior de etanol do mundo. Enquanto a Índia é o maior consumidor e segundo maior produtor de açúcar. De acordo com Frederico, o país é afetado pelo excedente e pelo mercado internacional.
“Antes, nosso mercado era afetado, mas a gente conseguia reverter. Agora não tem como, caem as bolsas de Nova York e Londres [principais negociantes de açúcar], a repercussão é imediata”, disse.
O presidente informou também que o excedente econômico para esta safra deve ser em torno de 4 milhões de toneladas de açúcar em todo o mundo. E isso, segundo ele, é muita coisa para o mercado. “Vai sobrar mercadoria e isso vai acabar gerando frustração por parte dos produtores”.
PRODUTORES DESANIMADOS NÃO ESTÃO MAIS PLANTANDO Esse ano as vendas, segundo Frederico, estarão abaixo do custo da produção. “Os produtores não estão querendo mais plantar, por causa do preço no mercado e da estiagem na região”, comentou o presidente complementando:
“Muitos ruralistas não conseguem mais guardar, não consegue mais esperar para estocar seus produtos, pois não tem capital de giro para isso. Somente os grandes produtores é que buscam essa alternativa, pois tem outras fontes de renda. O que nós orientamos é que eles esperem até março para vender, para ver se conseguimos pelo menos, recuperar R$ 2 ou R$3 dessa defasagem”. 
Hoje, cerca de 9 mil cooperados integram a Coagro. Desse número, menos de 4 mil produtores estão na ativa no município. 

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 Carlos Grevi



Fonte: KELLY MARI
A

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