terça-feira, 25 de setembro de 2012

ENTREVISTA COM BETINHO DAUAIRE CANDIDATO POR SÃO JOÃO DA BARRA


SÉRIE DE ENTREVISTAS SÃO JOÃO DA BARRA BETINHO DAUAIRE (PR)

Reprodução

Betinho Dauaire
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Além da indústria que produz o famoso conhaque que leva o seu nome, São João da Barra girava em torno de uma economia da pesca, da lavoura de subsistência e de um incipiente turismo primário. Hoje, entretanto, o município deu um salto excepcional e se inclui no mapa da economia nacional e internacional, a partir do complexo logístico, industrial e portuário do Açu, com previsão de geração de cerca de 50 mil empregos com o porto e o estaleiro, ambos do grupo LLX, além de um moderno e diversificado distrito industrial. A cidade passará em breve a contar com cerca de 250 mil habitantes. É este o novo município que será administrado pelo próximo gestor.

1 - Como o senhor que já foi prefeito desse município por duas vezes pretende convencer o eleitor sanjoanense de que será a melhor opção para voltar ao governo a partir de 2013? Se sente preparado para gerir uma cidade cuja população tem previsão de que se multiplique dos atuais 30 mil habitantes para cerca de 250 mil moradores nos próximos 10 anos?
BETINHO DAUAIRE -
 Entendo que o município precisa de uma gestão profissional, já que os investimentos no porto do Açu deixaram São João da Barra exposta para o Brasil e boa parte do mundo. Hoje o município movimenta um orçamento anual em torno de R$ 1,5 bilhão, considerando a esfera pública e privada. Considerando que o gestor público precisa interagir com empresas, governos e outras entidades, visando cumprir a sua missão de proteger e incluir a população, não tenho dúvida que reúno as qualificações para o cargo. Sou um candidato preparado, em função da minha formação profissional, principalmente na Alerj, em função da minha experiência como gestor público por oito anos, onde reconstrui a administração pública, melhorando a qualidade de vida do povo e deixando o governo com 82% de aprovação popular.

2 - De que forma o senhor pretende superar os problemas na Justiça, já que o registro de sua candidatura continua indeferido?
BETINHO DAUAIRE -
 O Ministério Público que é autor da ação já deu parecer favorável ao deferimento do meu registro no TRE é uma questão de agilização do Poder Judiciário. O direito está do meu lado.

3 - O senhor ou PR já teria um plano B, caso sua candidatura seja indeferida na Justiça?
BETINHO DAUAIRE -
 Não existe plano B quando se acredita na Justiça. Se todos os outros candidatos na mesma situação foram deferidos eu também terei o meu registro deferido no TRE ou no TSE.

4 - O município vive uma fase de transição, uma verdadeira metamorfose em sua vida e econômica, social e cultural, passando de uma economia agrária e primária, marcada pela pesca e lavoura de subsistência, reforçada pelos royalties, mas São João da Barra, agora com o complexo do Açu, se insere moderna economia globalizada, com participação no transporte, na logística e na indústria pesada, entre outras atividades sofisticadas. Além dos desafios para incluir a população neste processo, como planejar um município diante destas transformações, de modo a evitar a degradação da qualidade devida de seus moradores?
BETINHO DAUAIRE -
 Para fazer frente as atuais transformações em SJB, vou lançar mão do Planejamento. Primeiro, fazer um diagnóstico amplo dos recursos potencias do município (os naturais, culturais, turísticos, agrícolas, etc.) para apoiar a elaboração de grandes programas e projetos geradores de emprego e renda no município. Vou apoiar o meu governo nas universidades e centros de pesquisa, de maneira a atrair conhecimento e recursos financeiros para o desenvolvimento econômico local. No curto prazo, vou criar uma agenda de discussão com as empresas envolvidas no porto do Açu, de forma a buscar uma maior participação das empresas e os trabalhadores locais no atendimento de suas necessidades. Neste caso, vou buscar parcerias com instituições de qualificação profissional.

5 - O município que o senhor governou pela primeira vez há 16 anos não existe mais. Com a multiplicação e a complexidade dos problemas, o senhor pensa em ampliar o diálogo com a sociedade civil, a fim de estimular a participação da população e sua incorporação neste processo de discussão? Entende que essa não é tarefa só do prefeito, mas de toda sociedade sanjoanense?
BETINHO DAUAIRE -
 Entendo que é essencial incentivar o fortalecimento das organizações sociais. Uma sociedade ativa auxilia uma melhor gestão pública, já possibilita o orçamento participativo, além de orientar as ações do governo na formulação de políticas públicas coletivamente. Uma cidade desarticulada socialmente dificulta a gestão pública, já que o individualismo e o egoísmo inibem o desenvolvimento socioeconômico. Fui eu que criei os Conselhos Municipais e portanto vamos ampliar a participação popular.

6 - De que forma o senhor analisa os conflitos sociais no quinto distrito entre os produtores rurais e a Codin, envolvendo também a prefeitura e o governo estadual e o grupo LLX?
BETINHO DAUAIRE -
 Entendo que o governo atual de SJB se aliou ao governo do Estado e ao empreendedor nesse processo, ignorando as dificuldades e humilhações sofridas pelos produtores rurais. Os investimentos privados são importantes, porém a aquisição de terras deve seguir os princípios constitucionais do direito de propriedade, da liberdade de decisão e da negociação via regras de mercado. Aliás, como o grupo EBX se posicionou na aquisição das três fazendas que adquiriu inicialmente. Na verdade esse é o papel do prefeito. Começaram o processo de formar equivocada o que acabou deixando em situação delicada os agentes não governamentais envolvidos, tanto empreendedor como o morador.

7 - São João da Barra, mesmo com os recursos dos royalties do petróleo, não tem um hospital público. Como o senhor planeja resolver este e outros problemas na área da Saúde?
BETINHO DAUAIRE -
 Penso a saúde do município em quatro vertentes: preventiva, curativa, emergência e alta complexidade, integradas por gestão profissional. Na vertente preventiva, usaremos todos os programas federais a disposição (saúde da mulher, saúdes do trabalhador, saúde domiciliar, etc.); na vertente curativa, faremos a integração dos postos de saúde, dotando-os com as especialidades de pediatria, ginecologia, clínico geral e odontologia; na vertente emergencial, faremos convênios para funcionamento de uma sala de urgência equipada (Mini UTI) na sede e nos seguintes pontos de atendimento (sede, quinto distrito, cajueiro, Barcelos), além da emergência domiciliar; na vertente da alta complexidade, utilização das unidades de referência federal utilizando um processo de transferência totalmente segura.

8 - Na Educação, como avalia os resultados do Ideb?
BETINHO DAUAIRE -
 A situação mediana no IDEB em SJB não representa melhoria na educação fundamental. O aumento no indicador foi resultado de um esforço localizado. Somente 30% das escolas participaram da avaliação e algumas pela primeira vez. É necessário repensar a educação a partir do conceito de escola de tempo integral, com valorização do professor e servidores. Outro fator relevante é aproximação da comunidade a escola, onde os pais, servidores e alunos possam estreitar a convivência.

9 - O senhor considera compatível o processo de industrialização com a preservação das riquezas naturais e outras atividades tradicionais de São João da Barra como a pesca, o turismo e as áreas de manguezais?
BETINHO DAUAIRE -
 É perfeitamente viável, porém o governo precisa ser forte e profissional. As atividades de base (pesca, agricultura e turismo) precisam ser planejadas de forma que políticas públicas possam ser implementadas para potencializar o emprego e renda. Por outro lado, o governo precisa ficar atento a preservação dos recursos naturais, mesmo num contexto de industrialização. Aliás, os estudos de impacto ambiental precisam ser respeitados, situação ignorada pelo governo atual.

10 - Como será o seu diálogo com outras esferas do governo e outros setores? De que forma pretende manter uma interlocução com o Rio e Brasília e o Grupo LLX?
BETINHO DAUAIRE -
 Quando falo de um governo forte e profissional, estou reafirmando a minha forma de agir. Conduzirei uma agenda de discussão permanente com os empreendedores, no sentido de diagnosticar as necessidades de maneira a atendê-las o máximo possível com as empresas domésticas. A mesma estratégia será utilizada para a capacitação do conjunto de trabalhadores, segundo as especializações indicadas. Evidente que lançarei mão dos programas do governo Federal e me aproximarei do governo do Estado. Aliás, São João da Barra está no Estado do Rio de Janeiro.

11 - Grupos privados nacionais e internacionais, bem como corporações multinacionais são hoje parte da paisagem de São João da Barra, tendo se apropriado de parte do território sanjoanense. Como conciliaras injunções determinadas pelos interesses de grupos privados e o interesse público, não apenas na questão da posse da terra, mas do uso do solo, do ordenamento territorial?
BETINHO DAUAIRE -
 O território municipal é autônomo e tem responsabilidade sobre, por exemplo, o uso do solo. Neste caso vamos utilizar os instrumentos legais a disposição do executivo. O outro contexto é o da negociação, onde vou trabalhar firmemente com a minha assessoria técnica, no sentido de negociar ações sempre em benefício da população e garantindo que o empreendimento transforme crescimento em desenvolvimento.

12 - Há um choque de interesses que se acentua entre duas visões de partes em confronto, caso dos investidores do Porto e os representantes do setor da pesca, que temem pela redução drástica da fauna marinha ou mesmo o definitivo fim do ciclo de sua atividade que sustenta milhares de famílias. Como administrar esses conflitos?
BETINHO DAUAIRE -
 Existe uma tendência mundial de escassez da pesca artesanal em função da sobre pesca e forte poluição nos rios e mares. Em SJB não é diferente e esse processo é aprofundado com os investimentos do porto do Açu. As medidas nesse caso passam pela negociação das medidas compensatórias com os empreendedores e o órgão ambiental estadual, incentivo a aquicultura (pesca controlada em rios, lagoas, tanques, etc.), controle da atividade no continente, visando a pesca predatória feita por grandes embarcações de outros as leis precisam ser respeitadas. Agiremos estritamente dentro da legalidade estados, capacitação da população pesqueira para outras atividades relacionadas (artesanato, cozinha, turismo, artes em geral, etc.).

13 - Macaé é uma cidade que comporta análises controversas. De um lado, a prosperidade de quem melhorou de vida com a indústria do petróleo. De outro, o que uma revista nacional chamou de "A Maldição do Petróleo", que produziu o inchaço, a favelização, prostituição, a violência ou o tráfico de drogas. O senhor teme esses efeitos colaterais?
BETINHO DAUAIRE -
 Grandes investimentos exógenos, baseado em recursos naturais, tendem a inchar cidades pequenas sem infraestrutura compatível as novas demandas. SJB já começa a sentir esses efeitos pelo aumento do número de veículos, pressão sobre os serviços sociais, especulação imobiliária e suas consequências. O combate as essa mazelas passa pelo fortalecimento das atividades econômicas de base (pesca, agricultura, turismo, pequenos negócios), numa visão do agronegócio e da organização da produção coletiva. Nesse caso, o conhecimento é essencial e a participação do governo como agente comprador contribui para um melhor equilíbrio, já que possibilita a geração de emprego e renda independente das atividades industriais do porto.

14 - Se arrasta ainda os graves conflitos entre produtores e os investidores do Complexo do Açu, situação que chegou inclusive ao conhecimento de organismos de defesa dos direitos humanos. Como avalia esse choque de interesses e quais suas gestões para amenizar esses conflitos?
BETINHO DAUAIRE -
 O papel do governo é defender os interesses dos produtores rurais, naturalmente, dentro dos princípios legais, além de buscar alternativas de proteção econômica para esses trabalhadores e seus familiares. A saída é olhar a agricultura na concepção do agronegócio com uma estrutura de organização coletiva e com uma coordenação interinstitucional.

15 - Como ex-prefeito, qual a obra que o senhor considera haver deixado para o município?
BETINHO DAUAIRE -
 Cheguei a ter mais de 32% em grau de investimento com obras importantes. Escolas modelos, creches, Usina de Reciclagem, Saneamento, Urbanização, foram obras das mais variadas em cada cantinho do município, mas tão importante foram as ações como os programas de saúde que levaram a mortalidade infantil a nível zero, os programas de transferência de renda como o vale vida chamado de cartão cidadão, a bolsa universitária, os cursos técnicos e o projeto agenda que trouxe a comunidade para dentro da escola, sem falar na agricultura com as estufas e patrulhas agrícolas e o pescador com uma rede de proteção que foi desde a construção de casa popular, humanização das comunidades, além de dragagem e o SENAMAR, que levava comunicação direta com os pescadores em alto mar. Todas essas iniciativas me deram reconhecimento da ONU no combate a miséria e promoção do desenvolvimento.

16 - E a chamada ponte da integração, ligando o município a São Francisco de Itabapoana, o senhor acha que ela vai sair? Como espera resolver a questão?
BETINHO DAUAIRE -
 O deputado Garotinho, com uma emenda de bancada, colocou recursos no OGU para que essa obra possa ser realizada. Vou defende-la como defendi São João da Barra virar produtor de petróleo. O que veio acontecer com a mudança da legislação, onde o voto do deputado Feijó foi muito importante.

17 - Em sua avaliação, independentemente do complexo do Açu, São João da Barra continuará a ter o turismo como atividade e um dos melhores carnavais do interior do País?
BETINHO DAUAIRE -
 Eu transformei o município de São João da Barra como município oficialmente turístico no Estado, pois antes era apenas de potencial turístico. O turismo, o carnaval que revitalizei fazem parte da nossa cultura e vamos lutar para que seja cada vez mais aperfeiçoada. No meu governo trouxe a arena de praia com grandes eventos, o bosque musical no Balneário de Atafona, descentralizei o carnaval, criei o circuito junino e tudo isso com pouco recurso, agora com o orçamento de meio bilhão vamos fazer muito mais.

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