domingo, 11 de março de 2012

"Oposição em Campos não faz nem cosquinha", afirmnou a deputada Clarissa Garotinho em entrevista



Mariana RicciCumprindo agenda política na região, a deputada estadual Clarissa Garotinho (PR) deu uma pausa nos compromissos esteve na tarde de ontem na redação da Folha da Manhã para ser entrevistada. Na conversa, a pré-candidata a Prefeitura do Rio de Janeiro (ela é vice na chapa encabeçada pelo deputado federal Rodrigo Maia, do DEM), Clarissa falou sobre a aliança do Partido da República com o Democratas, que envolve os ex-adversários Anthony Garotinho e o ex-prefeito do Rio, Cesar Maia, e como ela acabou aceitando compor a chapa com Rodrigo. Sobre as eleições municipais em Campos, Clarissa não economizou elogios à sua mãe, a prefeita Rosinha Garotinho (PR), e cravou que ela será reeleita no primeiro turno, afirmando ainda que “os adversários não vão fazer nem cosquinha”, referindo-se aos partidos de oposição que tentam impedir a reeleição da prefeita Rosinha.

Sua vida política foi feita no Rio de Janeiro. No futuro, você pretende se candidatar aqui em Campos?

Acho que tem que ser uma coisa de cada vez. Eu comecei a minha vida política na cidade do Rio, como vereadora, fui eleita deputada estadual com votação mais expressiva na capital, até porque tínhamos acordo com outros candidatos do nosso partido de que eu não podia fazer muita campanha no interior, tinha que ficar mais na capital. E hoje fui convidada para esse outro desafio, sou pré-candidata a vice do Rodrigo Maia na cidade do Rio. Isso pra mim está sendo um desafio muito grande. Se algum dia eu virei para Campos... É cedo para falar sobre isso. Até porque a Rosinha, que é minha mãe, é pré-candidata a reeleição no município e vem fazendo um excelente governo. O nível de aprovação dela aqui é um dos maiores do estado.

Ainda sobre a prefeita Rosinha. Ela é apontada como franca favorita nas próximas eleições para ganhar no primeiro turno. Qual sua análise do quadro político em Campos?

(Sendo bastante direta) Tenho certeza que ela vai ganhar a eleição no primeiro turno. Pelo governo que ela vem fazendo. Pela pessoa que ela é. Uma pessoa dedicada em tudo que ela faz e ela é dedicada na administração. Pela forma que ela olha a administração, porque ela não olha apenas com o olhar de administradora, mas ela olha com olhar carinhoso de mulher, com olhar carinhoso de mãe e quem quer realmente cuidar da cidade. Pelo grupo de alianças que ela conseguiu formar, que está em torno do governo dela. E pelos programas que ela vem desenvolvendo. Por exemplo: o Estado do Rio ficou na terceira pior colocação no índice da Saúde, divulgado pelo ministério da Saúde do Governo Federal. A cidade do Rio foi considerada a pior Saúde. A nota de Campos foi superior à média do estado. A passagem a R$ 1. Campos é uma cidade que tem a extensão territorial quatro vezes maior que a cidade do Rio. As vacinas, como a de HPV, que é dada gratuitamente pela rede pública em Campos, o que não acontece numa cidade mais rica que é o Rio de Janeiro. Então acho que ela implementou políticas públicas que estão sendo aprovadas pela população. Por todas essas razões eu não tenho a menor dúvida de que a oposição de Campos não vai fazer nem cosquinha.

Qual é a sua agenda aqui na região?

É uma agenda mais política. Ontem (sexta) estivemos em São Francisco de Itabapoana, estivemos lá no mesmo palanque no Barbosa Lemos, o filho dele Frederico, Pedro Cherene, lideranças do PT, PP, PSDB, PR, foi inauguração da sede do PSDB e nós viemos até porque estamos construindo um caminho comum pra cidade de São Francisco.

O candidato em São Francisco vai ser do PR?

Ainda não foi definido, mas qualquer que seja o candidato, nossa decisão é de que os grupos caminharão juntos. O PSDB me convidou para a inauguração da sede, eu tenho estabelecido um ótimo relacionamento com o partido no Estado, através do deputado Luis Paulo, que é presidente estadual, e o PSDB vai apoiar a prefeita Rosinha aqui em Campos, e vai nos apoiar em mais de 10 municípios no estado e nós apoiamos o PSDB em alguns municípios como Trajano de Morais e Mangaratiba, se não me engano. É uma aliança, na verdade é uma frente, que tem como principal objetivo ampliar a força política frente ao PMDB no estado, então essa frente está reunindo Democratas, PSDB em alguns municípios, o PT do B em outros e o PR. Hoje fiz uma reunião em Campos com mais de mil pessoas e à noite continuo a agenda em Quissamã.

Sobre sua aliança com o deputado federal Rodrigo Maia, parecia que você não estava convencida, que estava reticente com a ideia...
(interrompendo) Estava totalmente! Qual era o seu medo nessa aliança?

Na verdade, pra mim no início foi difícil porque os nossos pais sempre foram adversários durante muito tempo. E aí quando li no jornal pela primeira vez que o Rodrigo Maia queria Clarissa Garotinho como vice pensei: “não vai dar certo”.

A vontade então veio do DEM?

Veio do DEM. Nós fizemos uma aliança estadual. O DEM nos apoia em quase todo o estado e nós apoiamos o DEM na capital, em Nova Iguaçu e em Mangaratiba. E no Rio, como o DEM sempre teve mais expressão eleitoral, até porque o Cesar Maia foi prefeito da cidade por três vezes, coube a eles indicar o pré-candidato a prefeito, que foi o deputado federal Rodrigo Maia. E, desde o início, ele manifestou o desejo que eu fosse a vice. Ele falou: “Olha, eu preciso de uma vice que tenha a mesma estatura política que eu, preciso de uma vice que me complemente em algumas coisas, porque nós somos muito diferentes e no início eu resisti muito pelo fato de nossos pais terem sido adversários. Mas o tempo foi passando e nos últimos quatro meses eu e ele (Rodrigo) estamos nos reunindo com muita frequência. O que eu disse pra ele foi que não adianta eu ser sua vice se for pra gente ficar batendo cabeça durante a campanha. Eu tenho minhas convicções, você tem as suas, então não vai adiantar você dizer uma coisa no meio da campanha e eu dizer outra. Para eu ser sua vice eu preciso saber o que você pensa sobre a cidade. Temos que ter um programa de governo em comum para o Rio e, se isso for possível, a gente vai ver se a aliança avança ou não. Aí fizemos reuniões para saber o que ele pensava sobre a saúde, sobre educação, infraestrutura, projeto olímpico da cidade e as questões foram avançando. O Rodrigo me surpreendeu muito, porque ele é uma pessoa que tem capacidade de ouvir quem pensa diferente e reter o que é bom. No meio desse processo a gente concordou, a gente divergiu, mas tudo sempre com muito respeito e começamos a trabalhar juntos. E acho que justamente por nós sermos muito diferentes, deu certo. É uma chapa que se complementa e tem tudo pra dar certo.

E você tem algum receio de que no meio da campanha vocês briguem ou a aliança está mesmo firme? 

Não. Eu não tenho esse receio. Apesar de que toda a oposição esteja apostando nisso. Mas eu não tenho receio. Nesses últimos quatro meses a gente nem sempre concordou. Em alguns momentos, em alguns pontos, a gente divergiu. Mas conseguimos trabalhar as divergências com muito respeito, com muito equilíbrio e com muita maturidade. Acho não é nem do meu interesse nem do dele ficarmos brigando.

E sobre a rejeição que uma parcela da população do Rio tem com Garotinho e Cesar Maia, isso pode passar para vocês dois?

Olha, nós somos filhos de políticos que se posicionam. E todo político que se posiciona, é característica dele ter a oposição e aqueles que gostam. Garotinho e Cesar Maia têm isso. Os nossos eleitores não são os mesmos. O eleitor do Garotinho no Rio de Janeiro é mais da periferia e dos bairros populares, e do Cesar Maia é mais um eleitor de Centro e de bairros populares. Então, nessa eleição, acho que nós vamos conseguir entrar no eleitorado do Garotinho e do Cesar, mas nos também vamos conquistar uma nova geração. Temos outros compromissos, temos novas ideias, queremos aprofundar e assimilar os acertos dos nossos pais e corrigir os erros. Por essas características, nós vamos ter a possibilidade de avançar sobre o eleitorado deles. Rejeição existe, todo mundo tem, mas nós já olhamos as pesquisas e a taxa de rejeição da nossa chapa não é diferente da taxa de rejeição de nenhuma outra chapa. Nem do deputado Marcelo Freixo, nem do próprio Marcelo Paes, de nenhum outro candidato. É tudo muito semelhante. Então isso não vai atrapalhar.

Seu pai não tem uma boa relação com o governador Sérgio Cabal e com o partido dele, o PMDB. Você vai seguir essa mesma linha do Garotinho, que é uma linha mais emocional, para lidar com seus adversários ou vai adotar uma outra postura?

Rio de Janeiro, sobretudo, recebe muitas verbas federais. O partido do deputado Rodrigo Maia, a nível nacional, é de oposição a presidente Dilma (Roussef, do PT). O meu partido não. Ele é da base da presidente Dilma. Além disso, a presidente Dilma é uma mulher coerente. Ela sabe separar questões políticas e questões de administração. Tenho certeza que com o Governo Federal nós seremos capazes de estabelecer uma excelente aliança, que não vai prejudicar o repasse de verbas federais, principalmente pra garantir os recursos que são necessários para a viabilização das Olimpíadas, em 2016. Então não tenho esse medo. Temos que entender a crítica política e a divergência política. O meu pai e o pai do Rodrigo, de certa maneira, erraram quando eles permitiram que as questões políticas se sobrepusessem às questões administrativas. E nós somos novos e vamos corrigir esses equívocos. Quem governa tem erros e acertos, nós vamos corrigir e tratar a coisa pública e a questão administrativa em primeiro lugar.

Seu irmão, Wladimir Matheus, está à frente do PR em Campos, fez uma aliança forte com 14 partidos para disputar as eleições. Quais são os planos da família para ele, politicamente falando.

A pergunta colocada dessa maneira não é a pergunta correta. Por exemplo: se fosse pelos planos da família eu não teria sido vereadora, não teria sido deputada estadual, que meu pai e minha mãe foram contra. Nenhum dos dois queria minha candidatura e eu fui contra.

A vontade política então é sua...

A vontade política é minha. Eu sempre gostei, eu sempre acompanhei. Sempre estive nos bastidores, liderei a juventude. Essas coias não podem ser impostas. Não acho que filhos de político têm que necessariamente seguir a política. Sigo a política depois dos meus pais porque eu acredito na política como instrumento de transformação da sociedade e como uma maneira de promover a justiça social, acredito nisso desde pequena. A vontade de entrar na vida pública foi minha. Se Wladimir um dia quiser, tem que ser um desejo dele não pode ser uma imposição da família em nem de ninguém. Não são os planos da família para ele, é aquilo que ele vai construir ao longo do tempo e a vontade pessoal é que vai dizer se ele vai seguir um dia esse caminho ou não. Até porque nós somos nove filhos, imagina os nove na política (concluiu entre risos).

Vai ficar para sempre no poder...

Não, ninguém tem esse objetivo. (Disse ela, séria, para voltar a falar sobre o Rio de Janeiro). Agora, no Rio, estamos costurando também uma aliança com o PT do B, eu trouxe o partido para a base aliada da Rosinha aqui em Campos, assim como fui eu que iniciei as conversas para trazer o PSDB em Campos também para a base aliada da prefeita, pela relação políticas que temos hoje, que nos aproximaram e por ser necessário uma frente de oposição ao PMDB. Partido que governa o estado. Estado que foi considerado com a terceira pior saúde do Brasil, entre todos os estados brasileiros. O estado ficou em penúltimo lugar no índice da educação básica. Ou seja, o governo no PMDB é um fracasso. E não tenho dúvidas de que nessas eleições, com essa aliança que nós estamos construindo com o PSDB em alguns municípios, com o DEM em outros, com o PT do B na maior parte das cidades, e em outros municípios alguns partidos que se aliam momentaneamente, tenho certeza que nós vamos conseguir eleger um terço das Prefeituras do estado. E isso vai com certeza potencializar uma candidatura também desse grupo político ao Governo do Estado. E hoje o nome mais forte é o do Garotinho.

Ele diz isso? É uma vontade dele?

Não. As pesquisas mostram isso. A gente faz pesquisa pra avaliar os nossos pré-candidatos a prefeito nos municípios e aproveita para questionar a intenção de voto para governador. E, hoje, as pesquisas mostram que o candidato do governador Sérgio Cabral tem 3% nas pesquisas.

Que seria o vice-governador Luis Fernando Pezão?

Que é o Pezão. E mesmo quando troca o pré-candidato, Pezão pelo Beltrame (secretário de Segurança Pública estadual), dá 8%. Não tem expressão eleitoral. Garotinho, depende, tem município em que ele aparece com 60%, 40%. Varia muito, mas está sempre disparado em primeiro lugar. É cedo ainda pra falar sobre 2014, o que estou querendo dizer é que, independente de quem for o candidato, ele vai sair dessa frente que se uniu nesse movimento criado agora para as eleições municipais. Hoje, nesse quadro, o nome mais forte é do deputado Garotinho, mas pode ser que lá na frente ele tenha outros planos. Fonte Folha de manhã 

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